Eu Quero é Meu Ingresso!...


Chicão, no show "Carioca"

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Toda a ansiedade desencadeada pela possibilidade de testemunhar mais um show do querido Chico, depois de tantos anos sem assistir nenhum, só aumentou, hoje, com o início da venda dos ingressos. Acostumado a viajar para o Rio ou São Paulo desde os idos de 70 para assistir seus shows, vinha sentindo uma saudade muito grande pela ausência dele dos palcos.
A danada dessa ansiedade começou com o anúncio de “Carioca”: viria ao Recife?... Sim, fomos incluídos entre as cidades contempladas. Desde Novembro que aguardamos a realização desse show.
Hoje, ao acordar, acessei o “pe360graus” e descobri que a promoção baixando os ingressos de 160 para 120 reais, foi caçada pelo “zeloso” Ministério Público. Achei muito estranho o MP intervir para prejudicar a população. Proibir essa promoção só porque ela não contempla também os estudantes, é a mesma coisa que proibir uma loja de confecções de colocar em promoção certa peça de roupa, se ela não tiver em seu estoque todos os tamanhos existentes. Promoção é promoção, e quem está dando, dá a quem quiser. Porque a decisão não foi no sentido de obrigar a redução dos ingressos dos estudantes na mesmas proporção?
Optei pela compra dos ingressos meu e de Nadja, na loja Andarella do Shopping Tacaruna, dada a proximidade com a minha casa.
Cheguei com o shopping abrindo e dirigi-me às pressas para a loja. À medida que ia me aproximando, esticava o pescoço tentando ver se já havia alguma fila. Apenas um pequeno número de fãs parecia estar no local. Quando lá cheguei, vi que esse número era de trinta e sete pessoas. Informaram-me que teria que apanhar uma senha e então dirigi-me ao interior da loja, mas, que nada! As senhas (pedaços de uma folha de caderno com um número e uma rubrica) estavam sendo “impressas” e distribuídas no ato por uma organizada jovem – a primeira da fila - que teve essa idéia para evitar possíveis tumultos (ou que alguém tomasse seu privilegiado lugar). Apanhei a de número trinta e oito, juntamente com a
informação de que só a partir do meio dia os ingressos estariam à venda. Puxa vida! Duas horas em pé!? Em seguida, a notícia de que ali não seriam vendidos ingressos para estudante. A fila já havia crescido bastante e os estudantes ficaram inconformados. Resolvi então tirar essa dúvida para eles e fui outra vez à loja saber se era verdadeira essa informação. Uma vendedora baixinha, muito simpática, me atendeu e fui logo perguntando: É aqui que estão vendendo ingressos para o show de “Calcinha Preta”? Passado o susto, ela prometeu que a informação era falsa: todos os ingressos para o show de Chico estariam à venda ali.
Com as senhas em nosso poder, a fila deixou de obedecer a uma rigorosa ordem. Formaram-se pequenos grupos, umas pessoas sentadas no chão, outras encostadas na varanda do piso superior, cada uma querendo contar uma história que sabia sobre Chico ou seus shows.
Um jovem contou que, no show de Salvador, Chico parou para comer um acarajé num daqueles tabuleiros de baianas. Após servi-lo, a baiana exclamou: “Ah! Eu bem que tava reconhecendo meu rei! Né Caetano Veloso?” Chico respondeu que sim e deu-lhe um autógrafo, onde escreveu: “Um beijo de Caetano Veloso”... Todos riram, inclusive a querida cantora Gerlane Lops que chegou equipada com um saquinho da praça da alimentação cheio de coxinhas de galinha que, de imediato, foi nos oferecendo depois de devorar metade de uma delas com apenas uma mordida.
Instantes depois a loja desmente a primeira informação e confirma que não venderá ingressos para estudantes. Foi uma gritaria quase geral. Havia muitos deles naquela fila e a maioria partiu para o Centro de Convenções, inclusive duas garotas que queriam o ingresso para presenteá-lo a uma amiga que faria aniversário. As senhas desses estudantes foram redistribuídas. Da de número trinta e oito, passei para a vinte e sete. Os visinhos de fila agora eram outros. Todos com os celulares aos ouvidos na tentativa de conseguir informações mais precisas. Uma fã, com medo de não encontrar mais ingressos, havia enviado a filha para o Centro de Convenções e veio para o shopping: quem conseguisse comprar primeiro ligaria para a outra. As informações eram de que já estava havendo empurra-empurra no Teatro Guararapes. Enquanto um celular tocava avisando a hora do remédio que não seria tomado, os comentários continuavam: uma fã havia participado no dia anterior, de uma reunião de família para conseguir o dinheiro para todos os ingressos que precisava; outro soubera que os ingressos em Fortaleza esgotaram-se em apenas dois dias; uma magrela que não parava de falar retrucou que pior foi em Belo Horizonte, onde a venda durou apenas duas horas . Enquanto minha amiga Patrícia, esposa do querido amigo Alfeu passava por mim em direção ao final da fila, lembrei-me que me comprometera com meu amigo Duzunga, de João Pessoa, de informa-lo da venda dos ingressos. Imediatamente liguei para seu celular mas quem atendeu foi sua esposa Betinha, informando-me que ele estava em Buenos Aires mas que daria um jeito para que não perdessem esse tão esperado show. Ao perceberem minha ligação, outros visinhos de fila também informaram que estavam com muitas encomendas de outros Estados.
As informações desencontradas continuavam a chegar, obrigando-me, a cada uma delas, a ligar para o número que o “pe360graus” disponibilizara, tirando assim as dúvidas de todos.Os comentários também continuavam: se os ingressos seriam numerados de acordo com as cadeiras do teatro; que só venderiam ingressos para a sexta e sábado, depois de esgotados os da quinta; que a polícia já estava baixando a lenha nos cambistas do Centro de Convenções, cuja fila já era de milhares de pessoas e que os ingressos nem haviam chegado ainda; o alto valor do preço dos ingressos, apesar da disposição de pagar até mais para se assistir àquele artista inigualável e homem coerente com seus ideais; o medo dos ingressos acabarem todos, nas vendas do Teatro Guararapes e dos dois outros shoppings, antes que chegassem onde estávamos.Enquanto eu prestava atenção às expressões dos fãs que subiam a escada rolante à nossa frente, boquiabertos com o tamanho da fila, o celular de uma vizinha de fila desintegrou-se ao cair. Manuca e Isa Roberta - duas outras vizinhas - ajudaram-na a recolher os pedaços, e aproveitaram pra sentar no chão, no que foram acompanhadas por grande parte daqueles cansados fãs. Imediatamente surgiu a chefe da segurança do shopping exigindo que todos se levantassem porque estavam colocando em risco a segurança do local. Todos se levantaram e voltaram a sentar, após a saída da chefe de segurança.Uma gordinha muito simpática assumiu as funções de leva-e-traz e chegou com as informações de que os seguranças só permitiriam a entrada de quatro em quatro, e que falava-se também que os ingressos já estavam a caminho. Foi uma loucura! Todos se levantaram outra vez... Mas, por quê? Os ingressos apenas estavam a caminho!...Instantes depois, outra informação: só viriam cem ingressos... Outro rebuliço geral. As pessoas do final da fila começaram a vir para frente e voltavam contando quantos fãs havia antes delas, para terem certeza de que estavam dentro do número de cem. Foi mais um alarme falso.Um ex funcionário do meu barzinho "El Bodegón" passou empurrando um carrinho com rodas e tampa, e alguém da fila gritou: "Chegaram os ingressos!"... Outro rebuliço geral... Aos poucos, todos foram voltando a sentar no chão. Dessa vez vieram dois seguranças empaletozados exigindo que todos se levantassem. Manuca e Isa Roberta tomaram as dores de todos e argumentaram firmemente que não viam nenhum perigo por estarem sentadas e que era obrigação do shopping colocar cadeiras para todos, já que estávamos ali há mais de três horas e meia. Eles chamaram a chefe outra vez e, após ver que não tinha argumento para aquelas duas, demonstrando desespero alertou que, se surgisse alguma necessidade de apoio da sua equipe de segurança, ela nos deixaria entregues à própria sorte.Chega uma equipe de TV e começa a entrevistar alguns fãs, enquanto o fluxo de pessoas no shopping e na fila aumentava assustadoramente com o horário de almoço.Depois de mais uma informação de que os ingressos finalmente estavam a caminho, Manuca ligou para o namorado para falar de toda aquela aventura, dizer que já fizera amizade com mais de quinze pessoas da fila, enquanto ele, do outro lado da linha, respondeu desinteressadamente: "Estou dando um cochilo por aqui."Nossa! A fome estava de matar. Resolvi sair até a praça da alimentação e comer alguma coisa. Ao voltar, comprei duas coxinhas para Manuca e Isa e só aí percebi que os ingressos já haviam chegado e que os meus visinhos de fila estavam com os pescoços esticados à minha procura, para que não perdesse minha vaga.Compramos os nossos ingressos... Seremos todos felizes...

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Comentários

  1. HAHAHAHAHAHAHHAHA... Quanta aventura pra comprar um ingresso de Chico!! Estava aqui tentando imaginar a situação no shopping, e pensando... Pense num local mais que apropriado para ouvir as histórias do meu amigo Rodolfo! Tempo de sobra, e sem aquele "aperreio" de ter que me contar e atender a todos do bar ao mesmo tempo... Ah se eu soubesse, teria ido lá somente para ouvir pela centésima vez vc contar a história da Sentinela!!! hahahahahhaa Abraço!

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