"Doce de Coco" e seu Sutiã de Espuma de Borracha.

Doce de Coco






Quando o táxi parou em frente a casa, desci ofegante, olhando para os lados, o coração acelerado, mas, não era medo o que sentia. Estava apenas chegando em Tambaú, com “a mala grande na mão”, (*) para o meu primeiro verão à beira mar.

Acabara de abandonar o emprego em São Caetano e a generosa hospitalidade da minha tia Dolores em Caruaru, para atender chamado de papai e voltar a morar com eles - pais e irmãos - pela primeira vez numa cidade maior.

É mágico, inesquecível mesmo, em plena adolescência, entrar de cabeça e coração num verão abrasador, numa praia linda, lotada de também adolescentes, vindos do centro de “Jampa” e das cidades vizinhas, somados aos poucos que permaneceram na praia, mesmo durante o inverno, quando Tambaú costumava ficar praticamente deserta.

Quase tudo era novidade.

Lá, já estavam alguns amigos que vieram de Umbuzeiro uns anos antes da gente, e que serviram como elementos de entrosamento com o restante da turma.

Minha vida dera uma virada de trezentos e sessenta graus. A dureza do trabalho de dois expedientes em São Caetano, com as aulas à noite e a residência em Caruaru, foram trocados por uma festa permanente à beira mar. Saía de casa por volta das cinco da manhã como querendo conferir se aquele marzão ainda estava lá com todas aquelas oportunidades de diversão, e caía naquela água deliciosamente morna, já àquela hora. Não, não era sonho! Estava tudo ali, todos os dias, a toda hora, à minha disposição.

O bronzeado veio logo na primeira semana, em seguida foi saindo em tiras de pele, para depois fixar-se definitivamente sob meu atento olhar através do grande espelho do quarto de mamãe, quando chegava em cima da hora para almoçar. Entrava no quarto ainda pingando água salgada, com areia nos pés, e logo baixava um pouco a sunga para conferir que restava apenas uma estreita faixa de pele cada dia mais clara. Renato e Seus Blue Caps saia pelas portas e janelas aos gritos, com suas versões que ganharam nomes como Meu Primeiro Amor, Dona do Meu Coração, Menina Linda, Você Não Soube Amar, Até o Fim, Feche os Olhos, Primeira Lágrima, Não te Esquecerei...

Almoçávamos nesse clima, sempre peixe e todas as demais delícias que aquele mar oferecia, e que antes não podíamos saborear em Umbuzeiro.

A alegria de papai por estar morando na praia, próximo ao seu irmão nosso tio George, e poder oferecer aos filhos - após dezesseis deliciosos anos no interior - a vida numa cidade “grande” com tudo o que isso representava, também nos contagiava. Para mim não foi difícil encontrar quem admirasse Montilla com Coca-cola, cigarros, garotas, futebol, voleibol e assustados. Passei então a integrar esse grupo, que era o grupo de quase todos.

Pela manhã nos encontrávamos à beira mar, em frente à Avenida Nego. Entre um flerte e outro - de preferência com as garotas recém chegadas à praia para aquelas férias - disputávamos rachas na areia fofa e quente sob um sol sufocante, para depois cairmos n’água e nadarmos até o bote de Eg, que ficava ancorado estrategicamente a uma distância que nos levava sempre a refletir se valia a pena correr aquele risco. Corríamos... Sempre.

À tarde fazíamos excursões em direção às praias de Manaira e Bessa, onde ainda não havia quase construção alguma e colhíamos cajus e tirávamos coco verde subindo heroicamente naqueles altos coqueiros. Eram desafios que tínhamos que vencer a cada dia para nos firmarmos no grupo. Voltávamos para casa ao anoitecer, depois que conferíamos o andamento das obras de construção do Hotel Tambaú que estavam no início.

Só dava tempo de tomar banho, jantar, colocar uma camisa colorida, um pouco de “Lancaster” e sair ofegante à procura dos amigos.
                                                                          
Encontrávamo-nos na calçadinha da beira mar. Ali, os flertes do dia podiam transformar-se em paquera. Ali, também, alguém sempre oferecia sua casa ou sugeria a de outro que não estava presente, para um “assustado”. Chegávamos todos à casa do escolhido fazendo um barulho infernal e trazendo junto a nossa alegria. Logo nos se cotizávamos para a compra de um “Piratinha” e algumas cocas-cola enquanto o pessoal da casa, depois de retirar alguns móveis da sala ia providenciando gelo, copos, e entregando-nos o controle do som. Geralmente, a maioria de nós era desconhecida do pessoal da casa, o que não chegava a ser nenhum problema e, antes de terminar a festa, já estávamos indo até a cozinha apanhar gelo ou ver se havia alguma sobra do jantar para tira-gosto.

No meio do verão Dudé chegou de Campina Grande com seu violão e suas composições, deixando todos encantados com sua arte de músico e, boquiabertos quando, por diversas vezes numa única noite e atendendo a repetidos pedidos, desafinava uma das cordas do violão para solar “Som de Carrilhões”.

As meninas cercavam Dudé como um astro de TV mas, logo descobrimos que um litro de rum e algumas garrafas de coca lhe atraiam muito mais. Assim, tínhamos ele e seu violão ao nosso lado, embalando nossas farras à beira mar, até o dia chegar.

Nossa! Eu só dormia porque não havia outro jeito...

Construímos o campo de vôlei na esquina das avenidas Nego com Antonio Lira, ao lado da casa de Salete Catão, depois Grisi, ao se casar com Eduardo.

Com o sorteio de algumas rifas conseguimos a grana para as camisas rubro-negras da nossa equipe e a iluminação do nosso campo, possibilitando jogos e rachas à noite.

Passei a integrar a equipe de vôlei da Négo, e disputamos o campeonato das praias contra as equipes do Cabo Branco, Manaira, Camboinha e Cabedelo.

Os “Germóglio” Mauro, Remo e Israel eram a base do nosso time. Na equipe de Manaira, outro Germóglio: Humberto “Tubarão” com suas “enfiadas” indefensáveis. O contato com a família Germóglio, incluindo aí Mário, que era apenas torcedor, foi muito enriquecedor. Sempre tínhamos alguma coisa boa para aprender com eles... Era só ficar atento. A admiração por Mário e a maneira amiga como criava os filhos ainda pequenos, disputando tiro ao alvo com baleadeira contra caixas de fósforos, sentado no chão como criança também, marcaram muito aqueles dias e, com certeza, me influenciariam mais tarde ao criar meus filhos.

Lembro-me que, no inverno seguinte, ao me ver com alguns amigos em frente ao que sobrara da nossa fogueira de são joão da noite anterior, assando uns pedaços de carne e tomando vinho sob uma chuvinha fina, foi até sua casa que ficava quase em frente à nossa e voltou com um enorme pedaço de carne macia, em vinha-d’alhos, dizendo ser um pernil desossado de ovelha gaúcha, só confessando que era carne de baleia depois que todos comemos e elogiamos. Nessas situações, mantinha, por alguns instantes, um amigável e irônico sorriso enquanto ficava atento às nossas expressões de desconcerto.

Nos finais de semana à tarde, o grupo de uns cinco de nós que permaneceu mais unido, encontrava-se em um quartinho nos fundos da casa de Da. Benvinda, mãe de Eliezer. Logo transformamos aquele espaço numa espécie de quartel general, onde ouvíamos boa música brasileira, e tínhamos os primeiros contatos com a música erudita. Ali também, traçávamos os planos das traquinagens seguintes, incluindo aí, por ordem de Eliezer, a tutela sobre as galinhas que sua mãe criava, e que acabariam na panela de Neném – minha irmã, cúmplice e confidente – acompanhando algumas garrafas de Serra Grande.

Precisávamos de um jornal. Um jornal nosso. Editado, impresso e distribuído por nós mesmos. Precisávamos contar aos adultos as nossas saudáveis transgressões, dividir com eles a nossa alegria, as nossas paqueras; expor os nossos planos para o mês seguinte, criticarmos as mazelas que presenciávamos, botar pra fora toda aquela energia que era alimentada por violão, cachaça e paixão. Juntei-me a Pinheiro e Griselda e publicamos mensalmente “O Sabiá” - Jornal etílico-satírico-cultural – que fazia a maioria dar boas gargalhadas e alguns poucos se arretarem com as nossas eventuais perda de limites.

Caminhávamos e cantávamos e seguíamos a canção, contra o vento, sem lenços, sem documentos, sem nos contentarmos apenas em ver a banda passar num domingo no parque ou em frente aos Festivais da Canção na TV Record... Amávamos também os Beatles com Hey Jude, Help! ou Yesterday; os Rolling Stones com Satisfaction e Bee Gees com Massachusetts e New York Mining Disaster 1941.

Respirávamos revolução em Tambaú contra o golpe militar de seis anos atrás, e o mundo respirava revolução em Havana com o frescor da sua rebelião; na França, com as manifestações pedindo a saída de De Gaulle; na África, que iniciava a descolonização; e até no Vietnã, com a bem sucedida ofensiva norte - vietnamita do TET, prenunciando a derrota e expulsão do exército ianque do solo pátrio.

As informações sobre a passagem de Sartre pelo Brasil na década anterior e seu engajamento para apressar a Revolução Socialista, deixaram-me definitivamente apaixonado pela França e por filosofia. Queria morar lá, à beira mar, numa casa de madeira sobre um penhasco, repleta de livros de filosofia, garrafas de vinho nativo, filmes de Godard e Truffaut e, acompanhando o canto das gaivotas naquela praia nublada, a música e os excitantes sussurros de Je t’aime... moi non plus, enquanto esperava entrar porta adentro Brigitte Bardot, endiabradamente linda e sedutora, tentando convencer-me a beija-la. Sonhos de adolescente que terminavam sob o chuveiro.

Conseguir desenrolar uma transa sem gastar uma grana qualquer era tarefa quase impossível naqueles tempos e naquela idade.

Vivíamos pastoreando as operárias do lar, ou melhor, dos lares vizinhos, que na maioria das vezes já tinham seus namorados, mas, não se furtavam à possibilidade de uma aventura com um de nós. Mas isso, normalmente, requeria investimento de tempo e muito papo. Elas deitavam e rolavam com o nosso assédio e isso tinha um lado positivo pela expectativa que criávamos quando acertávamos algum encontro com uma delas.

Por ironia, era justamente no edifício Cannes, à beira mar, onde fazíamos nossas investidas com mais freqüência.

Eliezer, sem dizer nada a ninguém, vinha se dando bem com a nova auxiliar que sua mãe contratara, e, para não perde-la ou dividi-la com mais alguém, mantinha isso em segredo, até o dia em que resolvi acordá-lo ainda de madrugada para uma pescaria aproveitando a maré vazante e eis que, encontro os dois em nosso quartel general, como dois pombinhos. Há mais de um mês ele havia se mudado definitivamente para esse quartinho de trás, e vinha curtindo a linda Conceição em segredo. Agora que eu sabia de tudo, a melhor maneira que ele encontrou para não ver a sua conquista assediada, foi encontrar uma colega dela para mim.

Apresentou-me, uma semana depois, uma amiga de Conceição que havia chegado do mesmo interior dela há uns quinze dias, para trabalhar em uma casa vizinha à dele. Era uma loirinha de cabelos curtos, cheinha da cintura pra baixo, com um lindo sorriso e seios imensos. Imensos mesmo...

Eu nunca havia visto nada igual nem em fotografias. Mas era muito jovem, devia ter uns dezoito anos, dizia que ainda era virgem e falava sempre com o olhar baixo, envergonhada, mas, demonstrando uma vontade enorme de cair na farra e provar de tudo que tinha direito.

Fiquei imaginando como seriam aqueles seios fora do vestido e sem o sutiã... Ela era muito clara e disse-me que seu apelido na sua casa do interior era “Doce de Coco”. Continuei tentando imaginar aqueles seios, sua cor, sua temperatura, se seriam flácidos... Não! Não poderiam ser flácidos naqueles dezoito anos, mas, como ficariam sem o sutiã?

Combinamos de nos encontrar à noite no quartinho de Eliezer mas, quando lá chegamos, ele e Conceição já estavam se dando bem. Ficamos então do lado de fora do quarto, próximo ao galinheiro mas, não... Ali não haveria chance mesmo. Ela não viera de saia como havia lhe pedido. Estava usando uma calça jeans bem apertada e uma blusa amarela.

Tive então a idéia de pedir-lhe para esperar um pouco enquanto eu ia apanhar o Jeep de papai.

Tirei o Jeep da garagem empurrando para não acordar papai e saí todo entusiasmado para encontrar Doce de Coco.

Estacionamos ali mesmo, no terreno desocupado vizinho à casa de Eliezer, bem colado à parede do quartinho onde ele e Conceição estavam. Tentei convencê-la a tirar aquela calça apertada, mas não teve jeito. Continuava de cabeça baixa, sem dizer uma única palavra, enquanto eu tentava de tudo. Usava os melhores - que eu supunha ser – argumentos, e nada...

Passei então a assediar seus seios: - Deixe eu ver como são... E, para animá-la um pouco mais: - As meninas daqui não têm seios tão grandes e bonitos assim. Deixe-me vê-los, quero beijá-los...

Quando eu já estava perdendo a paciência, Doce de Coco resolveu mostrar-me os seios. Levantou a parte de trás da blusa e com as duas mãos soltou o colchete que prendia aquele heróico sutiã. Ajudei-a a retira-lo de baixo da blusa e coloquei-o sobre o banco traseiro do Jeep. Acreditem... Ele tomou toda a extensão do banco traseiro, e as conchas onde ficavam os seios eram maiores que qualquer chapéu de couro dos grandes.

Fiquei a olhá-lo por uns segundos, antes de encarar seus ocupantes.

Acendi a luz de cortesia do interior do Jeep e, com a indispensável colaboração de Doce de Coco consegui colocar sua blusa acima dos seios.

Nossa!... Eram imensos!... Imensos!...

Fiquei por mais alguns segundos sem saber o que fazer com tudo aquilo...

Coloquei a mão sobre eles... Senti sua consistência, sua temperatura, e parti para o ataque.

Beijei meio sem jeito o que estava mais próximo a mim... e... Putz Grila! Tinha cheiro e gosto de espuma de borracha. Da espuma de borracha que forrava seu enorme sutiã.

Fiquei sem graça. Não sabia como desconversar e justificar o meu agora completo desinteresse por tudo aquilo. Tive então a idéia de, disfarçadamente, enquanto dava a impressão que iria beijá-los outra vez, atolar a mão esquerda na buzina, fazendo Eliezer abrir a porta do quartinho tão assustado quanto as galinhas da sua generosa mãe.

Doce de Coco foi para a casa onde trabalhava e, ao completar um mês de serviço voltou para o interior, virgem como chegara.

(*) A mala grande – Meu irmão Alexandre, à época com quatro anos, perguntava-me sempre quando eu iria de vez para Tambaú, já que, quinzenalmente, largava Caruaru e ia curtir um final de semana com eles na praia, retornando no domingo à tarde. Respondia-lhe então: No dia que eu chegar com a mala grande, é porque não voltarei mais.





 

Comentários

  1. Caracas meu velho, que viagem é essa que vc me leva a fazer? Certamente trata-se de uma máquina do tempo mesmo, só que nessa sua eu "volto" para o tempo que não vivi... Putz... Muito bom! Parabéns!

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  2. Anônimo5:50 PM

    Cacau: OI,TUDO BEM?
    SOU FILHA DE MÁRIO GERMOGLIO,ANA CLAUDIA,ENTREI PARA DÁ UMA OLHADINHA NO SEU BLOG,QUE DAGMAR ME FALOU QUE VC TINHA FALADO DO MEU PAI,OLHA VC TÁ CERTO ELE É UM PAI MUITO PRESENTE AINDA HJ NAS NOSSAS VIDAS(FILHOS),UM EXEMPLO DE VIDA,OBRIGADA,BEIJOS

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  3. Anônimo10:52 AM

    Pense que criei esse Blog com um único objetivo, poder comentar os brilhantes textos de meus amigos, em especial de meu amigo Rodolfo Vasconcelos... O cidadão tem um dom especial em descrever suas histórias, todas verídicas, que o mesmo teve o prazer de viver, e hoje sinto que deve ter grande alegria em retratá-la para todos os seus amigos... Vou ver se tomo vergonha na cara e escrevo alguma coisa substancial aqui nesse meu espaço.
    POSTED BY IGUINHO AT 12:45 PM 0 COMMENTS

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  4. apenas um simples comentário a se fazer. Essa senhora consegue ficar de pé e caminhar ou ela 'tomba pra frente'??? Acho que a coluna dela deve ser estudada por ortopedistas, é um fenômeno. Bjsss

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  5. Oi, Duda, linda... Hoje, com certeza ela deve ser uma senhora mesmo e os seus seios já não devem estar tão cheios nem na mesma altura daqueles dias. Beijo.

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  6. Anônimo11:53 PM

    Caraca que peitos PQP.
    Só vim dizer isso mesmo, depois dessa miragem não consigo tecer nenhum comentário pseudointelectual...

    Peitos peitos peitões pqp olha isso best peitos br

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